10/03/2011

  Não foi certamente porque lhe doía a cabeça da noite anterior que a fazia sentir-se adormecida e a cambalear pelos cantos das ruas e para onde quer que se virasse . Não. Também não foi porque enquanto se podia ter esquecido de tudo só sabia lembrar-se e isso a fazia manter-se a vinte mil quilómetros do fruto proibido, mesmo que fingisse estar tão perto quanto antes. Se é que alguma vez se sentiu perto como realmente desejava. Costumava lembrar-se de quando não ligava nenhuma, de quando era só mais um que se juntava aos poucos, mas bons, que tinham tido a coragem para a agarrar. Isso ajudava-a a manter-se fiel a si mesma sem cometer nenhuma loucura.
 Ás vezes as pessoas são loucas, perdem a sanidade mental porque por e simplesmente alguém lhes desperta essa lado animal e inconsciente que é fruto do desejo e da vontade. Não devia servir de desculpa, mas ela utilizou durante os meses todos que se passaram para garantir que não era louca.
 O melhor seria mesmo fechar os olhos e fingir que nada a perturbava. Nem ele, nem ninguém.   Parecendo, à primeira vista, mais difícil do que nunca, acabou por conseguir .
 Quando chegou ao pé dele, reparou que já não o via. Não sabe porquê, não arranjou desculpas e também não fingiu que se tinha esquecido. Deixou de o ver. Deixou de gostar de o ver. Deixou-o. Agora, era livre. 

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