17/10/2012

Desapêgo

A sensação da liberdade que eu queria encontrar, chegou. Posso agora dizer o quão estupido se tornou agarrar-me ao meu coração durante tanto tempo sem reconhecer que era o único agarrá-lo.  Não se pode sempre agarrar o coração sozinho, não dá, não resulta. Ficamos dias e dias à espera de alguém do outro lado para o tornar maior. Consumimos o nosso à procura do outro como resposta e reencontro para que nos sirva de consolo ao amor que queremos dar. Mas não é certo o que fazemos. Se não há outro, não podemos encontrá-lo. Se não há outro, não podemos querer que o nosso coração aguente sozinho o peso de não conseguir chegar ao de outra pessoa. É assim com o coração e com tudo o resto. Com desejo, com paixão, com sexo, com amizade: procuramos sempre outro para dar o que temos e queremos sempre que também nos dêem a nós alguma coisa. É como uma troca de rebuçados, mas que quando se trata do coração, pode tornar-nos muito mais fracos não receber qualquer coisa de volta. O problema de consumir o nosso coração é que achamos que vale a pena continuar a fazê-lo, até que ele se gaste e fique frio e não queira durante muito tempo dar mais nada a ninguém. É como se se fechasse agora e tu não quisesses mais permitir que alguém o conseguisse abrir. Parece feio visto de fora, mas na verdade não é uma sensação tão má assim. É um tempo para tu te encontrares outra vez. Gostares mais de ti outra vez, descobrires mais de ti e voltares a reactivar os teus sensores para o teu coração recarregar energias e numa próxima vez, estar mais forte e te envolveres novamente da forma que o teu coração deixar.
Mas a liberdade que sentes quando o teu coração está leve, ninguém te pode tirar. Esta é a melhor sensação do mundo. Amares-te a ti próprio de novo. É nestas alturas que descobres o que de melhor tu tens, e que faz muito mais sentido gostares de ti antes de gostares de outra pessoa qualquer.

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