Deve haver um motivo lá nas profundezas do teu ser para te veres assim
porque nunca ninguém te deu nenhum motivo para dar isso tudo e ainda por cima
sem ninguém merecer. Não teve sentido explodires porque pensas que de alguma
maneira isso vai fazer com que te sintas melhor e no fundo sabes que nunca faz,
nunca fez, nem nunca vai fazer. E depois ganhas ódio e raiva. Como se
arrancasses a tua própria pele e pedisses outra nova. Como se quisesses pôr
outro cérebro no lugar do teu, outro coração. Sei lá. Será que eu sou uma
maluquinha? Eu as vezes ponho-me a pensar (eu estou sempre a pensar) na minha
dor de pensar. E não sou o Fernando Pessoa, sou só a Maria. Mas estou lá perto
quando penso, porque já me dói o cérebro. E tento desfiar todos os cordelinhos
de tudo o que acontece á minha volta, mas nem tudo tem explicação, muito menos
quando não é preciso continuar a procurá-la. Estás a ficar consumida à procura
de uma reposta ou á procura de qualquer coisa, devias ir aquelas bruxas ou lá
que é que dizem se é bom ou não. Não pode ser. Duas vezes a mesma coisa, tudo
igualzinho, em tão pouco tempo? You must be kidding darling. E a acabar na
mesma altura? You must be kidding again. E com o mesmo desfeixo? Ok, problema
não é a palavra certa. Solução sim. Não está em ninguém. Em Zés- Ninguém. Está
em ti. Voltas a rotina. Á tua rotina, e deixas para trás o que pôs o pé na
argola a perfurar o teu peito. Melhor assim, o que não mata engorda. Engorda-me
o cérebro e a vida. Gota-a-gota. Grão-a-grão. És tão “peito-de-galo” (nunca
percebi bem esta expressão, mas encaixa). Misturas tudo também, mas o
cordelinho está lá ainda. Preso ao que? A ti, porque gostas de brincar aos
iô-iôs não é? Estás a falar do que, já agora? PÁRA! Tu pára-me um segundo. É isso que queres para ti? Não. Sim. Não sei. Não queres. Agora já não
queres. Nunca quiseste. Disseste sempre que não, falaste sempre que “nunca na
vida” te ias ver nessa situação. Pois bem, aqui tens o castigo. Agora foge. E
deixa de uma vez por todas que o tempo apague o que não tem força suficiente
para ficar. E se? E se o quê? Se fosse para ficares, tinhas tido lugar para
isso. É para ires. Vai. Vou. E não voltes. Não voltou.
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