São como marcas no nosso corpo, como sinais que temos desde que nascemos e sabemos que apesar de os conseguirmos tirar hoje em dia graças ás maravilhas das tecnologias na medicina, nos vamos lembrar sempre que os tivemos connosco durante muitos anos. Mas estas marcas são diferentes, destas não nos queremos ver livres, não queremos fazer nenhuma plástica, arrancá-las de nós ou destruí-las. Na verdade, queremos deixar tudo bem guardadinho, todas as memorias e todos os momentos a que podemos recorrer e com isso, ainda e sempre, soltar um sorriso. O maior erro do ser humano é pensar que tudo é eterno, que vivemos para sempre, que namoramos para sempre, que temos saúde para sempre, que somos sempre felizes, que somos para sempre tristes. Vivemos presos ao que aparece na nossa vida, e achamos que é sempre para sempre. Acreditamos nisso mais do que em nós próprios. E de repente vai-se tudo embora e desvanecesse sem podermos fazer nada em relação a isso, ou melhor, a tristeza que em nós fica acaba por ser a única coisa que conseguimos sentir no nosso corpo. Mas não seria muito melhor construirmos uma realidade mais verdadeira? Sabermos que o que vêm, também se vai embora e está no seu livre direito. Deviamos guardar tudo o que ficou para nos lembrarmos de que foi muito bom e que ainda é. Não são tragédias, são passos para a nossa transformação. Na vida, se somos nós a traçar o nosso caminho e ele não está traçado por mais ninguém, então também não podemos controlar o que de nós nos é arrancado. Não precisamos de o arrancar á força como que a mandar no que até hoje não nos diz respeito. O melhor é deixar os que se querem ir embora ir, se quiseres chorar por isso, mas depois lembrar-nos que ainda as temos connosco, aqui dentro e de que de alguma maneira podemos sempre lembrar-nos delas, nem que seja ao fechar os olhos por uns segundos.
tu vais - mas ficas aqui comigo onde morámos durante metade da nossa vida.
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