Quando criei este blog não foi com o intuito de impressionar nem de procurar que os outros acabassem mais apaixonados por ele do que eu mesma, não queria que alguém me viesse dizer que escrevo muito bem – quando provavelmente não escrevo nada de jeito – nem que me dissessem que não presta para nada. A vontade que eu tinha era de escrever quando falar não chega, de escrever o que normalmente não consigo dizer e não merece ser dito em voz alta porque ninguém e provavelmente nem eu mesma saberíamos dar o valor que as palavras merecem. Sentia uma vontade de dizer qualquer coisa, grande demais para guardar em mim o que muitas vezes queria correr cá para fora quando não fazia sentido espalhar nem mostrar todo esse tsunami de pensamentos e ideias que eu própria criava. A verdade é que a escrever parece que faz tudo mais sentido, independentemente do tempo, das horas, dos dias, das pessoas, de mim. E não quer dizer que eu consiga escrever histórias, inventar argumentos que façam filmes ou escrever poemas. Não. O verdadeiro prazer foi poder agarrar no que eu sinto e nos meus pensamentos e poder escreve-los para alguém. Não interessa quem, nem quantas pessoas perderam o seu tempo com as minhas palavras e aí é que está a essência de tudo isto.
Mas apesar de todo este peso da espontaneidade no que escrevo cheguei à conclusão que na maioria das vezes só agarro na caneta quando sinto falta de qualquer coisa. Não sei se ando à procura dessa coisa. Não sei o que é, mas sei que provoca em mim um rodopio de emoções que me fazem sentir triste. E depois confronto-me com o dilema de acabar por criar um espaço em que escrevo mais quando estou triste, do que quando estou feliz ou quando alguma coisa boa me acontece.
Estou certa de que todos temos dias maus, de que todos temos dias em que queremos ficar enfiados na cama ou então correr para frente do mar numa praia deserta em que o único barulho que queremos ouvir além do barulho das ondas é provavelmente a música do nosso mp3. Não quero parecer lamechas, nem mesquinha e muito menos chata, só quero escrever o que estou a sentir. E acho que hoje me sinto vazia. Inútil. E fria. E com saudades. De nada em particular, de ninguém.
De mim talvez. De me lembrarem que tenho valor, porque eu acho que me esqueci. Sou de ferro mas quando enferrujado perco o meu brilho e ter uma capa a esconder-me dos outros dá mais trabalho ainda. E é cansativo e ainda mais desgastante.
Só vocês, palavras, é que me deixam ser o meu coração quando lá fora o tenho que tapar para não se rirem de mim. Asfixiar o coração é o meu crime.
Mas há sempre uma altura em que o deixo respirar e percebo que está vivo e que a dor que sentia se vai desvanecendo até voltar a tapá-lo e me apetecer fugir para bem longe outra vez.
Eu sou mesmo assim.
E tu meu blog estranho e bom companheiro virtual, acabaste por ser também.
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